quarta-feira, 31 de janeiro de 2007

Regulamentação da profissão de astrólogo

Em 2002 tramitou na Câmara dos Deputados a proposta de regulamentação da profissão de astrólogo. Obviamente, as reações, de todas as partes, vieram veementes, a fim de defender ou atacar tal projeto. Em primeiro lugar, cabe pensar nas motivações que levam qualquer pessoa a estruturar um projeto desta natureza. O embate entre "crer ou não crer" na Astrologia é bastante antigo e suscita tamanha polêmica, que muitas vezes o astrólogo profissional, para se defender e procurar tornar sua profissão mais "séria" e reconhecida, apela a este tipo de instância, que talvez possa conferir um status mais respeitável à nossa profissão.
"Crer ou não crer" carrega em si uma questão maior, sendo apenas a ponta de uma grande discussão: se a Astrologia é ciência ou não, ou, como preferem os novos termos, uma pseudociência. A esta pergunta não cabem ainda respostas claras simplesmente pelo fato de não haver espaço para se pesquisar a Astrologia com metodologias específicas, no Brasil, embora já haja em alguns países, como, principalmente os Estados Unidos (http://www.kepler.edu/ba/index.html). O que nós, astrólogos, devemos defender é antes de tudo a possibilidade de se fazer pesquisas na nossa área, que possibilitem desmistificar algumas hipóteses astrológicas, ou ainda refutar outras. É preciso saber na prática o que de fato tem resultado na Astrologia e isso só é possível através de pesquisas.
A Universidade de Brasília - UNB - está iniciando pesquisas na área astrológica, através do Campo de Estudos Avançados Multidisciplinares, no Núcleo de Estudos dos Fenômenos Paranormais - NEFP. A possibilidade de se estudar Astrologia em uma comunidade acadêmica é bastante interessante, mas tem sofrido muitas críticas. Sabe-se que é preciso que se estabeleçam padrões de pesquisa, para que posteriores pesquisadores, seja para confirmar ou observar erros e ineficácia da ferramenta, possam refazer os mesmos passos do pesquisador incial.
Para citar exemplos, a Psicologia, ciência recente, começou a ter um status parecido com ciência, com as observações de Wilhelm Wundt, cujo objeto era a consciência da mente, observada através das sensações humanas descritas. Posteriormente, o Behaviorismo traz à tona um objeto de estudo mais específico: os comportamentos humanos. Com Freud, o foco passa a ser o inconsciente. Na Sociologia, os fatos sociais foram definidos por Durheim como o objeto desta ciência que ali surgia. Na Astrologia não pode ser diferente. É preciso haver padronizações, definição clara de objeto de estudo, de problematizações de pesquisa, de hipóteses a serem verificadas. Portanto, cabe a nós, astrólogos, procurar produzir uma metodologia verificável de pesquisa, para depois buscarmos a regulamentação de nossa profissão.
Aos que consideram a Astrologia como um charlatanismo irracional, ficam as minhas perguntas: para acabar de vez com a polêmica "crer ou não crer?"/ "ciência ou pseudociência?" não seria interessante verificar se de fato a Astrologia tem fundamentos? Se, da parte de algumas pessoas há tanta certeza de que a Astrologia não funciona, qual seria o problema em se pesquisar, já que, por esta lógica, o resultado seria eliminar de vez esta área do conhecimento? Portanto, tanto para confirmar as hipóteses astrológicas quanto para dar crédito aos que a condenam enfaticamente, as pesquisas em órgãos competentes são interessantes.
Caímos, agora, em um outro problema: o custo envolvido nestas pesquisas. Para alguns, usar dinheiro para pesquisar a eficácia da Astrologia é definifitivamente jogar dinheiro fora. Entretanto, se nós nunca possibilitarmos uma real verificação das hipóteses, ficaremos eternamente brincando de quem manda mais: os "céticos cientistas" ou os "patéticos astrólogos". Ora, acredito que a população que usa em demasia os serviços astrológicos (horóscopos de jornais, previsão, cálculo de datas melhores para acontecimentos, mapa astral, orientação vocacional) merece que nós ofereçamos a ela mais que embates ideológicos, por isso, o dinheiro gasto com pesquisas seria bem empregado, na medida em que forneceria resultados claros a uma parcela da população que usa estes serviços. E não é uma parcela pequena, tendo-se em vista que todo grande jornal ainda reserva uma parte à Astrologia, utilizando um serviço que, certamente, não é o melhor que a nossa área pode oferecer (horóscopo). Este é apenas um exemplo, de muitos outros serviços largamente utilizados.
Por tudo isso, chamo a atenção para a premente necessidade de se abrir um campo para se pesquisar Astrologia com metodologias sérias, e não simplesmente rechaçando-a como um grande mal, ou abraçando-a como a explicação de tudo. É preciso superar o "creio ou não creio em Astrologia" e partir para uma discussão mais concreta, mais próxima de fatos e observações.
Gostaria de ouvir comentários e de discutir com outras pessoas este ponto de vista. Dê sua opinião.
Clarissa De Franco

2 comentários:

Juliana Dacoregio disse...

Olá. Por acaso você é a Clarissa que publicou um livro pela editora Scortecci. Se for gostaria de entrar em contato por e-mail.
abraço

CLARISSA DE FRANCO disse...

Juliana, obrigada por ter visitado meu blog. Tenho um livro publicado pela editora Idéias e Letras (sobre sonhos e morte), outro pela Giz Editorial (infanto-juvenil). Não possuo publicação pela Scortecci. A qual livro você se refere?

Um abraço.

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